Repercução

Desde ontem, dia 17, quando o povo tomou as ruas, eu pude acreditar que realmente as coisas haviam mudado. De início eu não acreditava que haveria alguma mudança significativa, acreditava que os protestos poderiam seguir quase a mesma linha do que ocorreu na África, na Ásia ou nos Estados Unidos, mas eu nunca imaginei, nem nos meus delírios de quando estudava sobre a década de 60 e o regime militar, que tomaríamos as ruas como uma nação, como um povo.
Desde os primeiros acontecimentos, as notícias desencontradas que recebia enquanto trabalhava, até ficar madrugada adentro lendo matérias e vendo vídeos de reportagens na internet, acredito agora que o Brasil acordou. Não estamos mais em letargia, não aceitamos mais de bom grado as passas de mão na bunda que os políticos fazem, assim como não permitimos mais que gastem nosso tão suado dinheiro para financiar uma competição que não vai beneficiar ninguém, somente os políticos e empresários.
Por que não abrem o jogo sobre os gastos da copa? Porque não deixam o povo analisar de forma livre todos os contratos de licitação sobre o transporte público, sobre a compra de material escolar, de merenda escolar, de uniforme escolar, da compra de medicamentos que nunca chegam aos postos de saúde? Por que não deixam que o povo veja o por que de tantas obras paradas por todo país?
Isso já foi falado diversas vezes, mas é sempre bom falar. Não são por R$0.20 de aumento na minha passagem de metrô, ônibus e trem que estou revoltado. É porque sou humilhado sempre que pego o transporte cheio para ir para a minha faculdade, ou ter que ficar em pé metade do trajeto até o meu trabalho para conseguir sair do trem, graças a superlotação.
É porque vejo milhares de pessoas abaixo da linha da miserabilidade todos os dias, e não poder fazer nada. Mas agora eu posso. Eu e todos os brasileiros.
Quem não quiser sair às ruas, é um direito seu, mas mesmo no trabalho ou em casa, proteste. E vamos fazer com que todos esses protestos e toda a mobilização seja em vão. Ano que vem será ano eleitoral, vamos mostrar para eles como se faz um país novo, decente.

O trabalho vai ser longo e cansativo, talvez a minha geração não chegue a ver o Brasil que eu sonho, mas meu peito explode de alegria em crer que meus netos terão um país ao menos decente.

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