Primavera Árabe

O Egito conseguiu o que muitos países ainda buscam: uma mudança de verdade na sua base. Mas para que esse resultado virasse verdade, também tiveram que fazer o que muitos querem, mas que poucos conseguiram: eles, literalmente, revolucionaram. E no melhor sentido da frase. Pois pensem bem, o que teve aqui no Brasil? Tivemos mais de 20 anos de um regime militar ditatorial, que foi financiado pelo governo norte-americano e pela nossa direita (até parece que eles queriam defender o “ideal democrático no país”, porra nenhuma), e tivemos uma transição “pacífica”, onde os militares montaram um esquema para se livrarem tão bem dos seus crimes, que ficou conhecida como “Lei da Anistia”, mais uma de tantas artimanhas feitas por eles, e ficou por isso mesmo. Todos os desaparecidos da ditadura foram apenas comprar cigarros e nunca mais voltaram porque eram “safados”. A verdade é que no Brasil, aceitamos tudo de bom grado, e só brigamos por uma eleição direta talvez porque todos viram que o próprio regime militar estava baleado, pois se eles estivessem ainda nos tempos do AI5, nem mesmo 500 pessoas estariam no comício das diretas. O que falta ainda para nós e está sobrando para os egípcios é amor não apenas à pátria, mas amor pela liberdade de poder votar. Hoje é decepcionante como vejo milhares de pessoas jogarem a maior arma que temos contra essa corja que infecta Brasília, por acharem que um voto não muda nada. Espero que as próximas gerações aprendam com os egípcios o que não temos capacidade de fazer, que é lutar pela democracia, para que um dia, pelo menos, todos aqueles que morreram pela democracia que jogamos no lixo se sintam vingados.