República
Olá a todos!
Começando a série de textos sobre os sistemas de governo, vou falar um pouco sobre a república. Quando a monarquia dos etruscos foi deposta em Roma, um novo sistema teve que ser colocado em prática, então decidiram criar algo em favor da "res publica" (coisa pública), e o nome acabou pegando. Só que a república romana é um pouco diferente da república moderna, a nossa república. Uma das principais diferenças está na forma de ação da república, pois logo depois de proclamada a república foram eleitos dois cônsules, entre eles um tal de Brutus (nome recorrente esse em Roma...). O cônsul tinha como obrigação defender a república contra qualquer ameaça. Os filhos do tal Brutus queriam pôr no poder a dinastia dos Tarquínios, que tinham depostas. Como cônsul, o dever dele era julgar e, logicamente, condenar os filhos. E ele fez isso, sem dúvida. Era o seu dever. Existe um quadro do autor Jacques-Louis David chamado "Os litores trazendo a Brutus os corpos de seus filhos". Nesse quadro, pode-se ver a dor estampada nas mulheres, que é clara e nítida, contrastando com a expressão séria e reta do cônsul, contido, sentindo imensa dor. Mas por que eu falei isso? A resposta é simples. Quando o Brutus mandou matar os seus filhos, ele tomou essa decisão por ser a única que ele mesmo poderia tomar, pois antes de ser pai, ele deveria proteger a república. Era o dever dele manter a república, acima de todas as coisas. Era a obrigação do cônsul garantir o BEM COMUM. E o bem comum, algumas vezes, deve ser colocado acima dos objetivos pessoais. Não existe uma pessoa que, sabendo o que o Brutus fez, não se sinta mal e se revolte com a história. Por esse motivo que, após estudar sobre a república, eu percebi que é impossível que a nossa república possa ser parecida com a república antiga. O grande caso, é que pra proteger algo maior que a sua própria família, em certos momentos precisamos ir além de tudo. Defender a república significa defender um ideal que vai muito mais longe que qualquer ideal pessoal. O homem é temporário, mas a república é eterna. Por esse motivo, que o Senado romano nunca aceitou que um militar tivesse um grande poder dentro de Roma (um dos motivos de terem impedido que as legiões passassem do Rubicão, a fronteira da cidade) Quando eles viram que o Julio César tinha ganhado prestígio militar e com o povo, o Senado tentou encontrar uma forma de acabar com ele, mesmo que fosse "apenas" com a sua fama (e com qualquer pretensão que ele tivesse). Por esse motivo que o mandaram para a Gália (atual França), acreditando que ele encontraria a derrota ou, a melhor opção para seus inimigos, a morte. O caso é que ele não só sobrevive as campanhas, como vence na Gália. Resumindo, ele volta vitorioso, rico, influente, e disposto a comandar Roma. Mas algo que nós sabemos muito bem é que pessoas como Julio César (sortudos e inteligentes) não têm paz na sua vida. Antes dele partir pra Gália (França), o Senado, prevendo os problemas futuros e até um retorno da monarquia, decidiram dividir o poder entre 3 líderes: Crasso, César e Pompeu. O principal objetivo dessa forma diferente de governo, que ficou conhecida como "Triunvirato", foi enfraquecer os três e jogá-los em uma guerra interna, e garantindo a república. Mas... como sempre... o Crasso e o Pompeu se uniram contra César, mas como ele era um grande general e já imaginava que os dois estivessem se unindo contra ele, e que o próprio Senado estivesse por trás, ele decidiu quebrar a mais importante das leis de Roma: entrar com um exército na cidade. Fazendo isso, ele teria não só o controle da capital, mas a vantagem do ataque surpresa e a chance de liquidar seus inimigos de uma vez. Resumindo essa lenga lenga toda, o Julio César conseguiu todo o poder pra ele, mas não se declarou nem rei nem imperador, ele adotou o título de "ditador vitalício". Os senadores ficaram tão felizes, mas tão contentes que eles SÓ mataram a FACADAS o Júlio Cezar. Em resumo, a nossa república não se parece PORRA NENHUMA com a república romana. É impossível pensar que os mesmo ideais poderiam ser adotados na atualidade. Hoje, muitos vêem os episódios que descrevi como barbaridades, mas analisando como era o estilo de vida deles, e como a sociedade em questão era composta e como reagia em situações extremas, duvido que eles teriam tomado outra decisão. A coisa mais importante que um líder deve pensar não é na sua imagem, mas no seu DEVER. Isso era levado em consideração muito mais do que é hoje em dia.
Bom galera é isso. Em breve vou publicar os textos referentes à monarquia e a democracia.
Até mais!
Os litores trazendo a Brutus os corpos de seus filhos (1789) |
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